A Bíblia

sábado, 7 de março de 2009

Como está dividida a Biblia.



Divide-se a Bíblia em duas grandes partes, chamadas respectivamente ANTIGO e NOVO TESTAMENTO. O termo testamento substitui atualmente um antigo termo grego que significa pacto ou aliança. Com efeito, em toda a Bíblia trata-se da aliança feita por Deus com os homens, primeiramente por intermédio de Moisés e em seguida pelo ministério de Jesus Cristo.
É sumamente útil lembrar como foi feita cada uma dessas coleções. A coleção dos livros do Antigo Testamento originou-se no seio da comunidade dos judeus que a foram ajuntando no decorrer de sua história. Dividiram-na em três partes:
1. A Lei (Tora), contendo cinco livros (chamados mais tarde de o Pentateuco, que significa os cinco volumes), forma o núcleo fundamental da Bíblia. Esses cinco livros são: Gênese, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.
2. Os Profetas. Os judeus abrangiam sob esse título não somente os livros que hoje são denominados Profetas, mas também a maioria dos escritos que hoje costumamos chamar de Livros Históricos.
3. Os Escritos. Os judeus designavam por esse nome os seguintes livros: Salmos, Provérbios, Jô, Cântico dos Cânticos, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Éster, Daniel, Esdras e Neemias e as Crônicas.
É a essa divisão que se refere o divino Mestre quando mais de uma vez (p. ex. Mt 22,40) falou da “Lei e os Profetas”.
Essa coleção já estava terminada no segundo século antes da nossa era.
Nessa mesma época os judeus já estavam, em parte, dispersos pelo mundo. Uma importante colônia judaica vivia então no Egito, nomeadamente em Alexandria, onde se falava muito a língua grega. A Bíblia foi então traduzida para o grego. Alguns escritos recentes foram-lhe acrescentados sem que os judeus de Jerusalém os reconhecessem como inspirados. São os seguintes livros: Tobias e Judite, alguns suplementos dos livros de Daniel e de Éster, os livros da Sabedoria e do Eclesiástico, Baruc e a Carta de Jeremias, que se lê hoje no último capítulo de Baruc. A Igreja Cristã admitiu-os como inspirados da mesma forma que os outros livros.
No tempo da Reforma, os protestantes, depois de terem hesitado por algum tempo, decidiram não mais admiti-los nas suas Bíblias, pelo simples fato de não fazerem parte da Bíblia hebraica primitiva. Daí a diferença que há ainda hoje entre as edições protestantes e as edições católicas da Bíblia. Quanto ao Novo Testamento, não há diferença alguma.
A Bíblia católica divide os 46 livros do Antigo Testamento do seguinte modo (alguns contam 44 livros, unindo Jeremias, Lamentações e Baruc):
1. O Pentateuco (isso é, a Lei).
2. Os Livros Históricos: Josué, Juízes, Rute, os dois Livros de Samuel, os dois Livros dos Reis, os dois Livros das Crônicas ou Paralipômenos, os Livros de Esdras e Neemias, os três Livros de Tobias, Judite e Ester, e por fim os dois Livros dos Macabeus.
3. Os Livros Sapienciais: Jô, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cântico dos Cânticos, Livro da Sabedoria e Eclesiástico.
4. Os Livros Proféticos, designados pelo nome dos Profetas: Isaías, Jeremias (ao qual se acrescentam Lamentações e Baruc), Ezequiel, Daniel, Oséias, Joel, Amós, Abdias, Miquéias, Naum, Habaruc, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.
A coleção dos livros do Novo Testamento começou a formar-se na segunda metade do primeiro século da nossa era.
Seus 27 livros são assim distribuídos:
1. Cinco Livros Históricos: quatro Evangelhos segundo S. Mateus, S. Marcos, S. Lucas e S. João, e Atos dos Apóstolos.
2. Vinte e uma cartas dos Apóstolos. São Paulo escreveu 14 cartas: 1 aos Romanos, 2 aos Coríntios, 1 aos Gálatas, 1 aos Efésios, 1 aos Filipenses, 1 aos Colossenses, 2 aos Tessalonicenses, 2 a Timóteo, 1 a Tito, 1 a Filêmon e 1 aos Hebreus. As outras cartas são as seguintes: 1 de São Tiago, 2 de São Pedro, 3 de São João e 1 de São Judas.
3. Um Livro Profético: o Apocalipse de São João.
As duas coleções que formam a Bíblia foram sendo traduzidas do grego para o latim desde o segundo século da nossa era. Mas a tradução latina mais divulgada é a que fez S. Jerônimo à base dos textos originais hebraico e grego, no fim do quarto século, denominada “Vulgata” (“vulgarizada”).

Os livros da Bíblia apresentam um CONTEÚDO de extraordinária variedade. Acham-se aí por exemplo: fragmentos de epopéia; narrações propriamente históricas; listas genealógicas; narrações episódicas ou romanceadas; oráculos proféticos e sermões; textos legislativos; poemas e orações; ensaios filosóficos; um canto de amor; cartas.
Todos esses documentos são testemunhos da evolução da religião do verdadeiro Deus ao longo da história do povo hebreu.
Diante de tamanha diversidade de assuntos, mormente se não perdermos de vista a redação desses mesmos documentos, que se estende por um período de cerca de mil anos, facilmente se pode compreender que eles não podem ser lidos e interpretados uniformemente. Os antigos hebreus não escreviam como os nossos historiadores modernos. Os onze primeiros capítulos do Gênese, por exemplo, não foram escritos como um curso sobre as origens da humanidade, muito menos ainda como tantas lições de astronomia ou de história natural. Esses capítulos “relatam numa linguagem simples e figurada – adaptada às inteligências de uma humanidade pouco desenvolvida – as verdades fundamentais necessárias ao conhecimento da mensagem da salvação, bem como a descrição popular das origens do gênero humano e do povo eleito” (Carta do secretário da Comissão Bíblica ao Cardeal Suhard).
Todos sabem que um poeta não escreve como um cientista e que toma muitas liberdades de linguagem (imagens, comparações, amplificações) as quais um historiador atual não se permitiria. Ninguém ignora, igualmente, que as tradições populares, em geral imprecisas, sempre embelezaram os heróis e ensombrearam os inimigos. Esse processo literário encontra-se nos mais antigos textos da Bíblia. Sabe-se como a mentalidade popular gosta de fixar em cantos a lembrança dos seus heróis; desses cantos a Bíblia nos conserva numerosos exemplos, como o hino sobre a vitória de Josué.
Por fim é bem notório como a parábola, a comparação, a anedota, a própria fábula são sugestivas e apropriadas para ajudar a compreensão de verdades profundas ou abstratas. Os autores inspirados – Jesus em primeiro lugar – não desdenharam utilizar-se desses processos (por exemplo na história do patriarca Jó, na de Jonas, de Tobias, de Judite, de Ester); dessa forma procuraram inculcar mais facilmente no espírito do leitor um ensinamento de caráter religioso.


Fonte: Bíblia Sagrada (Editora Ave Maria)

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